Fotos: Monica Antunes/ Divulgação

Esta casa totalmente integrada à natureza é dos arquitetos Carlito e Renata Pascucci e fica em uma área de preservação ambiental na Mata Atlântica, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Os dois moram perto da praia há mais de 20 anos e comandam juntos um escritório de arquitetura, mas sempre sonharam em construir uma casa em sintonia com a natureza.

No canal você confere a tour completa com o casal por esse sonho que se tornou realidade, e aqui no blog uma conversa com a Renata contando algumas curiosidades sobre o projeto.

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Casa de Valentina: Como surgiu a ideia do projeto?

Renata Pascucci: “Nós queríamos uma casa que fosse totalmente imersa na natureza, possibilitando andar descalça o tempo todo e, dessa forma, sentir de fato o ambiente que envolve a construção.”

CV: Quais foram os primeiros passos?

Renata Pascucci: “A primeira coisa que fizemos foi analisar a permeabilidade do solo, que nos levou a desenhar uma casa elevada (em palafita). Além de fornecer conforto térmico, uma vez que isola a casa da umidade do solo, essa técnica libera a passagem da fauna local.”

CV: Como a casa se distribui?

Renata Pascucci: “São 1.000m² de terreno, sendo cerca de 250m² apenas de área construída. Elaboramos um projeto que se esparrama no terreno, separado em módulos que são distribuídos de uma forma orgânica. Interligamos os três módulos com passarelas e pergolados, e as grandes aberturas com largas portas são a chave de uma grande integração entre interior e exterior. Logo na entrada principal o ar de tranquilidade se faz notar na piscina que capta água da cachoeira à beira do quarto de um dos nossos filhos. Além do dormitório, o bloco principal também conta com a suíte da nossa filha e uma sala com mezanino, interligada ao espaço gourmet. A partir desse ambiente é possível avistar as passarelas flutuantes que dão acesso aos outros dois módulos. Um deles é um cômodo menor onde está a cozinha, integrada ao espaço de refeições da família no dia a dia que chamamos de bistrô. Já o outro é uma grande suíte aberta, inspirada no estilo dos bangalôs balineses e caiçaras brasileiros. Dessa fusão, nasceu a nossa arquitetura tropical.”

CV: O projeto teve preocupação com a sustentabilidade?

Renata Pascucci:Muito. Como o terreno faz parte de uma área de preservação ambiental na Mata Atlântica, queríamos impactar de forma positiva, respeitando a matéria prima e o terreno que é rodeado de árvores nativas. Por isso as construções ocupam o terreno de forma que ‘abraçam’ as árvores já existentes, então a casa parece uma nave que ‘pousou’ no terreno. Esse partido arquitetônico, além de preservar as árvores, ajudou a setorizar e organizar os espaços, criando ambientes integrados (sala e espaço gourmet) e outros privativos (suítes e lavanderia).”

CV: E como a matéria prima foi respeitada na escolha dos materiais?

Renata Pascucci: “Poucas paredes foram usadas, as portas e esquadrias são em madeira,  as portas antigas de demolição são em pinho de riga e garimpamos absolutamente todas as janelas. Além disso, boa parte da marcenaria que constitui a casa, inclusive a presente na composição do telhado e do forro, foi feita com eucalipto e pinus tratado, ambos materiais de reflorestamento.”

CV: O que pode ser destacado no que diz respeito à decoração de interiores?

Renata Pascucci: “Pensamos em soluções confortáveis, mas despretensiosas. O sofá e a mesa lateral da sala, por exemplo, foram feitos a partir de uma grande prancha de madeira chumbada, sobre a qual foram posicionados um futon e almofadas. Não podemos esquecer de comentar as duas poltronas que são relíquias na casa do designer brasileiro Percival Lafer. É claro que muitos móveis foram garimpados em antiquários de São Paulo, mas priorizamos o reaproveitamento de peças e materiais descartados, como é o caso das luminárias selecionadas na área gourmet e cozinha, que pegamos em ferros velhos da região de São José dos Campos.”

CV: Há itens de valor sentimental na casa?

Renata Pascucci: “Em umas das passarelas, que interliga o espaço gourmet ao bistrô, conseguimos um banco de estádio original da Vila Belmiro da época do Rei Pelé. Dali conseguimos assistir o movimento da casa assim como os torcedores assistiam ele jogar no Santos na época, então é um item bem importante da casa. Além disso, as intervenções artísticas que se vê por todo canto são muito especiais para nós. As ilustrações da sala e do mezanino, por exemplo, são todas da família. Como a cada dia pode surgir uma arte nova, a casa acaba se tornando algo efêmero e latente, que varia conforme o nosso entusiasmo.”

CV: E ainda foi montado um atelier no terreno, certo?

Renata Pascucci: “Sim. Depois de cinco anos do projeto pronto, resolvemos fazer um ateliê em um container. Lá, além de um espaço destinado para a arte, se tornou um local bom para bate papo e diversão das crianças. Tem música, arte, samba e rock em roll. Tudo isso envolto por um deck e uma casa para os cachorros.”