Olá! Sou a Fátima, engenheira e paisagista, e, nesse primeiro texto, começo minha participação no blog Papo de Paisagista. Dentre meus textos, abordarei temas que considero relevantes ao nosso cotidiano profissional, unindo meu conhecimento acadêmico com aprendizados interessantes que adquiri ao longo de vivências em diversos biomas e ecossistemas que visitei ao redor do mundo. Nesse primeiro momento, começaremos com um tema mais técnico,
mas fundamental para a prática da nossa profissão. Então, vamos falar de solos?

Os solos são cruciais para a vida na Terra. À medida que a sociedade se torna mais urbanizada, menor é o contato das pessoas com o solo, o que nos faz esquecer o quanto dependemos dele para nossa sobrevivência e prosperidade.
Nós, paisagistas e profissionais da área de meio ambiente, precisamos entender melhor a ciência do solo, sua dinâmica, e a forma de interação soloplanta. O solo desempenha papel fundamental nos mais diversos ecossistemas, seja no quintal da sua casa, em fazendas ou nas florestas. O solo proporciona o suporte mecânico para as raízes se fixarem e crescerem, o qual também fornece às plantas água e nutrientes, essenciais para o desenvolvimento desses vegetais.Mas, afinal, o que é o solo?

Embora existam inúmeras definições, o solo pode ser caracterizado como a camada superficial intemperizada da crosta terrestre, sendo constituído de proporções de tipos de minerais e húmus (matéria orgânica decomposta). A partir desses componentes naturais, ele se torna um ambiente propício ao desenvolvimento da vida terrestre.
A qualidade do solo determina a natureza dos ecossistemas das plantas. Por conseguinte, as plantas se adaptam às regiões nas quais encontram características do solo e do clima, favoráveis ao próprio desenvolvimento.
Os desertos, por exemplo, são conhecidos por ter um clima extremamente hostil, caracterizado pelas elevadas temperaturas ao longo do dia e baixas temperaturas a noite, além de índices pluviais extremamente baixos durante o ano. Como conseqüência, esse solo caracteriza-se arenoso e bastante seco, reduzindo as variedades existentes nos desertos às xerófilas. As principais características dessas plantas são: a presença de espinhos, poucas ou até mesmo a ausência de folhas pequenas, para que não ocorra a perda de água, raízes profundas, para facilitar a absorção de água de lençóis freáticos, e alta capacidade de armazenamento de água em seus caules e raízes.

Fonte: Acervo pessoal – Deserto do Atacama

As regiões equatoriais, por sua vez, apresentam elevadas temperaturas e grande umidade ao longo do ano, o que  favorece o desenvolvimento de uma vegetação densa, com árvores de grande porte. Nesses solos há uma restrita e
rica camada de matéria orgânica (húmus) que se renova constantemente, garantindo a sustentação e a exuberância da floresta. A flora equatorial não é homogênea apresentando tipos de formação vegetal bem distintos, por conta
da característica do solo de cada região.

Fonte: Acervo pessoal – Floresta Amazônica – Mata de terra firme

A floresta de terra firme não costuma ter inundações. Há presença de árvores de grande porte. O solo possui uma camada de nutrientes devido à decomposição de folhas, frutos e animais mortos.

Fonte: Acervo pessoal – Floresta Amazônica – mata de várzea

A mata de várzea onde costuma ter inundações sazonais. Dividem-se em dois tipos, as várzeas baixa e alta. Predominam na baixa as palmeiras e as espécies vegetais que apresentam raízes aéreas como por exemplo o buriti. Na várzea alta onde o solo é menos influenciado pelas cheias e apresenta maior biomassa, encontram-se espécies arbóreas, como a copaíba.

A compreensão dos diferentes tipos de solos, bem como o conhecimento de suas características e especificidades, se mostram fundamentais para a atividade paisagística. Dúvidas, comentários ou sugestões são muito bem vindas.

Até a próxima!