Fotos: Re Freitas/ Divulgação

Este apartamento que mescla uma arquitetura contemporânea com peças artesanais é da arquiteta Renata Piazzalunga e fica no Centro de São Paulo. Além de arquiteta, a Renata também é fundadora e diretora criativa da marca Fellicia, que desenvolve produtos de design brasileiro contemporâneo feitos à mão. Muito da essência da marca se reflete no apartamento, mostrando que é possível unir elementos contemporâneos e artesanais de maneira harmônica.

O apartamento conta com espaços integrados, duas suítes, biblioteca, piano e até mesmo uma boate particular. Tudo isso com vista para as construções históricas dessa parte tão cosmopolita da cidade. No canal você confere a tour completa com a Renata, e aqui no blog uma conversa com ela contando algumas curiosidades do projeto.

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Casa de Valentina: Como é feita a distribuição dos cômodos?

Renata Piazzalunga: O apartamento foi pensado de forma a integrar o máximo possível todos os espaços, então a planta original tinha 4 quartos e transformei em 2 suítes. Um dos quartos virou uma biblioteca e o outro um quarto de vestir.

CV: As características do prédio antigo interferiram de alguma forma na concepção do apartamento?

Renata Piazzalunga: A questão dos castilhos por toda a fachada foi inspirada na construção original da década de 1950. Entretanto implementamos uma tecnologia antirruídos, assim o imóvel é silencioso mesmo estando no Centro de São Paulo. Além disso, todo o piso original de taco do imóvel foi preservado, tendo sido feita apenas uma interferência contemporânea, com ebanização do piso.

CV: Como foi pensado o ambiente da ‘boate’?

Renata Piazzalunga: Originalmente esse espaço correspondia a uma sacada rebaixada, mas que foi construída já fechada. Nivelei esse rebaixamento e pensei nesse ambiente como um canto de lazer diferenciado. Como eu sempre gostei de baladas, resolvi reproduzir no apartamento esse gosto e criar um espaço agradável para receber, com vista incrível para o Edifício Itália. A vivência noturna sempre me inspirou e no meu apartamento não poderia ser diferente, por isso resolvi trazer isso para dentro de casa. E é algo que combina bem com a localização cosmopolita do apartamento.

CV: Quais objetos têm valor sentimental? Se puder falar um pouco sobre cada um deles

Renata Piazzalunga: O principal é a cadeira que era do meu avô e foi inspiração para o mural da sala criado pelo artista plástico Carlos Rezende. Para mim, isso representa a permanência dele comigo e de todas as boas memórias de infância que tenho com ele. Também há várias peças de artesanato que contam um pouco da minha história de quase 20 anos ligada ao patrimônio cultural brasileiro. Posso citar também os vasos desenvolvidos junto com o Sérgio Matos e a luminária com meu rosto em parceria com o Estúdio Campana.

CV: Como as peças da sua loja se inserem no apartamento? Quais você destacaria?

Renata Piazzalunga: As peças da Fellicia estão em todos os cantos do apartamento, podendo citar por exemplo a rede da sala e a cortina do meu quarto com fibra de dendê. Nós trabalhamos na loja com peças feitas à mão com design assinado e matérias primas interessantes, como palhas e fibras naturais. Muitos pensam que esses materiais só se inserem de maneira harmoniosa em uma casa de praia ou de fazenda, mas meu apartamento mostra como é possível fazer a fusão desses itens com elementos super contemporâneos.

CV: Pode explicar sobre a pia diferente do banheiro principal?

Renata Piazzalunga: Eu queria um plano que fosse se fundindo, vindo do plano horizontal do chão, subindo verticalmente para a parede, tudo com a mesma pedra de granilite. Então desenhei essa pia inspirada nos tanques com um plano inclinado, e o banheiro acabou ficando com uma volumetria muito interessante.

CV: Qual a história do piano? Você toca?

Renata Piazzalunga: Eu estudei piano clássico durante 10 anos e no momento que resolvi parar nunca mais o abri. Hoje sou incapaz de tocar, mas é uma peça de referência na minha casa e que me faz recordar da relação com meu pai, que gostava muito. Cada casa conta a história de quem a habita, e na minha há marcas de diferentes épocas e de diferentes interesses que fui construindo ao longo dos anos.