O piso é um dos mais importantes elementos construtivos de um jardim, e um dos que mais me fascinam no paisagismo. Acho a combinação acertada de materiais e a criação de desenhos incomuns uma arte, como a pintura, a escultura… Assim como nas línguas, onde, a partir de um número finito de elementos (as palavras), pode ser construído um número infinito de frases, o mesmo se aplica à elaboração de pisos: são possíveis variações infinitas a partir de um número finito, embora vasto, de materiais: pedra, madeira, tijolo, seixo, pedrisco, grama, cerâmica, azulejo, mármore, placas cimentícias, porcelanato, ardósia, entre outros. Com eles, ou pela combinação deles, pode-se criar uma infinidade de “linguagens” – mais padrão, mais rústica, mais rebuscada etc., ou “linguagens” que se destacam pelo inusitado de suas formas e/ou de suas combinações.

Obviamente é importante aliar a estética à segurança em áreas molhadas, escolher revestimento apropriado para onde o tráfego será mais pesado, levar em conta o período arquitetônico da casa ou prédio ao escolher o piso etc., mas minha intenção aqui é focar somente na estética de pisos, exemplificar a multitude de possibilidades, apresentar criações bastante originais, reservando questões mais técnicas para outro momento.

O tipo mais comum de piso seria aquele em geral composto de um único material, do mesmo formato, tamanho e cor, e com paginação padrão: por amarração, alinhada, diagonal, dama, espinha de peixe, escama de peixe.

Padrão por amarração – Via Pinterest

A mistura de dois ou mais materiais permite a criação de pisos mais interessantes. Tende a ser consenso que se deve usar no máximo três tipos de material – ou quatro, em áreas mais extensas – para evitar uma certa poluição visual.  

A paginação abaixo, combinando madeira de demolição com seixos, deu um aspecto rústico e aconchegante a este piso:

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Por outro lado, mesmo com um único material e a usual forração de pedriscos, pode-se inovar usando-o em formatos ou tamanhos diferentes:

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O uso de um mesmo material em tonalidades diferentes, com formas diferentes ou não, faz com que o piso se destaque:

Piso criado por Burle Marx para a mansão da família Moreira Salles. Foto: Acervo pessoal

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O muito comum piso com pedras irregulares, no estilo crazy paving, fica mais original quando composto de placas ou pedras bem maiores que o usual, ou entremeados com pequenos desenhos formados por seixos:

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Juntas de grama, seixos ou pedriscos em pisos de madeira, pedras, placas de cimento etc. tornam o ambiente mais aconchegante:

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Os seixos ou pedras decorativas de tonalidade mais escura podem trazer maior elegância quando combinados com material mais claro e contrastando com o verde das plantas:

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Não há limites para as inovações, como se vê a seguir, onde, a partir de uma paginação padrão, foi criado um desenho especial com o uso de grama:

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Abaixo, foram usados fundos de garrafas como piso. Vale como inovação, mas provavelmente arrisca-se cair quando eles estiverem molhados… E não seria recomendado andar de salto alto fino sobre eles…

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Os pisos mais rebuscados apresentam desenhos intrincados, como os pisos marroquinos ou aqueles formados por seixos de diferentes tamanhos e cores, ou por pedras portuguesas de duas ou mais tonalidades:

Piso marroquino. Via Pinterest

Piso com pedras portuguesas. Via Google

Piso com desenho formado por seixos. Via Pinterest

Seguem alguns exemplos que primam pela originalidade, além de demonstrarem a infinitude de “linguagens” que podem ser criadas com o número finito de materiais existentes: 

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Em resumo, os pisos mais impactantes tendem a ser aqueles que apresentam um belo contraste de materiais, cores, e/ou formas e formatos, com perfeito equilíbrio entre eles, compondo desenhos especiais.

Piso em Great Dixter, Inglaterra. Foto: @ulamarija