Os jardins verticais vieram para ficar. Bonitos e funcionais, chamam atenção e valorizam qualquer espaço. Se você deseja ter um, precisa estar atento para não cometer os erros abaixo e garantir a viabilidade do seu!

Jardim de Patrick Blanc – Village De La Péronne, Miramas – fonte: https://www.verticalgardenpatrickblanc.com/node/6947

 

  1. Não investir em um estudo específico.

Planejamento é fundamental para ter um jardim vertical duradouro. Um bom projeto, feito no momento certo, é essencial para gerar a maior economia financeira possível e deve prever não só o custo de implantação, mas também de manutenção.

Se houver essa possibilidade, evite o erro clássico de buscar o paisagista no início ou somente ao final da obra. Tente começar o estudo enquanto o projeto de arquitetura ou interiores ainda está sendo desenvolvido. É nessa fase que os itens abaixo serão previstos e alinhados com todos os profissionais envolvidos, inclusive a escolha da melhor parede a ser utilizada, evitando as dores de cabeça de ter que quebrar tudo depois de pronto – ou até desistir de vez do sonho.

 

  1. Não escolher o sistema construtivo ideal para o seu espaço.

Jardim vertical em varanda de apartamento – Projeto e obra por Lilian Casagrande.

Hoje temos uma série de técnicas construtivas disponíveis no mercado e será preciso escolher uma dentre elas. Confie em mim: essa escolha não começa pelo preço!!

São muitos os fatores que influenciam – peso final da estrutura com plantas molhadas, insolação, ventos, dimensões, sistema que retém mais ou menos a água, que permite trocas de vegetação com mais facilidade, que proporciona mais espaço para raízes (melhor desenvolvimento e durabilidade das plantas), durabilidade da estrutura, custo de construção, manutenção, entre outros.

Questione seu paisagista sobre as vantagens e desvantagens de cada um antes de definir o ou os viáveis. Só então você poderá analisar preços.

 

  1. Não prever ponto de água próximo.

A irrigação dependerá de um conjunto de fatores, mas saiba que há situações que pedem rega todos os dias, mais de uma vez por dia. Já pensou no grau de dificuldade se não tiver nem uma gota de água por perto? É melhor se certificar de que é possível ter um ponto de irrigação ali.

Caso não haja, há opções de sistemas fechados – ainda assim você precisará repor a água de tempos em tempos.

Obs.: Em alguns casos também pode ser necessário um ponto de elétrica para instalação de bombas – fique atento e consulte um paisagista e um profissional de irrigação.

 

  1. Acreditar que não precisa de um sistema de irrigação automatizado.

Finalização de plantio em jardim vertical com sistema de blocos cerâmicos, com canos de irrigação automatizada a serem encaixados por cima da vegetação após o plantio – registro de obra – projeto e obra por Lilian Casagrande.

 

“Ah, mas meu jardim é pequeno! Eu consigo regar.”

Não caia nessa cilada! É óbvio que para jardins grandes a irrigação automatizada é necessária, mas, acredite, nos pequenos também. Claro, não estou falando daqueles realmente pequenos e mais simples do tipo faça você mesmo com 10 a 20 vasos. Estou falando daqueles densos, que “fecham” a parede visualmente, ou seja, os que demandam certo investimento financeiro.

Um jardim desses pode parecer pequeno, mas a quantidade de mudas é razoável e a área a ser molhada também. Por mais que a sua disposição para regá-lo seja grande, lembre-se que você pode não estar sempre tão disponível quanto acredita e que falhas podem acarretar na perda de mudas (tanto a falta quanto o excesso de água podem ser fatais!).

Imagino que você não vai querer correr o risco de perder boa parte – ou tudo – em pouco tempo e ter que gastar mais para refazer. Diante disso, acredite, o investimento em um sistema automatizado é um valor pequeno a se pagar para garantir sua liberdade e tranquilidade, além da durabilidade do seu jardim!

A automação traz ainda outros dois benefícios: ela distribui igualmente a quantidade de água que suas plantas precisam, minimizando desperdícios, e ela pode incluir um sistema injetor de adubo líquido, o que facilita a manutenção.

 

  1. Acreditar que um jardim vertical se mantém sozinho e não precisa de manutenção.

Por mais que alguns sistemas gerem menor necessidade de manutenção, ela sempre existirá! Toda planta precisa de adubação, poda e controle de pragas e doenças.

Uma vez que as plantas estão em espaços confinados, os nutrientes acabam mais rapidamente do que no solo, por isso precisam ser repostos sempre. A deficiência de nutrientes poderá colocar todo o seu jardim em risco, uma vez que as plantas poderão definhar até a morte ou, no mínimo, ficarão mais sujeitas aos ataques de fungos, pragas e doenças.

As podas garantem um aspecto visual mais agradável, além de evitar que uma muda sufoque a outra. Também são necessárias para a retirada de partes doentes e de flores e folhas secas.

Por último, entenda que fungos, pragas e doenças aparecerão. Plantas debilitadas são o alvo mais fácil, mas as saudáveis também podem ser atacadas, por isso é preciso fazer um controle constante.

 

  1. Não prever o escoamento da água da rega.

Jardim vertical suspenso com sistema de vasos e moldura metálica com calha e irrigação automatizada – projeto e obra por Lilian Casagrande

 

Você instalou o sistema de irrigação pensando que não haveria desperdício de água? Bom, não é exatamente assim. Desperdício zero não existe. A água vai descer pela parede e pelas folhas e vai molhar o piso, não tem jeito. Por isso, não se esqueça de garantir a existência de um ralo por perto, ou um meio de conter e direcionar ou coletar essa sobra de água.

 

  1. Querer ter o seu jardim em lugar sem iluminação natural adequada.

Existem plantas que pedem iluminação indireta, mas não acredite que será viável ter um jardim lindo e saudável longe da luz natural, onde nem você sobreviveria se não pudesse se mover.

Sim, existe iluminação específica que substitui a luz do sol, mas esse artigo se aplica aos casos comuns e um sistema desses exige um estudo específico envolvendo outros profissionais, além de um investimento maior. Se esse é o seu caso e você tem condições, sem problemas! Mas se não for, melhor não insistir e repensar o local de instalação.

 

Jardim Vertical em Sistema de Módulos Cerâmicos. Projeto: Juliana Freitas Paisagismo

Jardins verticais são uma ótima solução urbana, mas, como você deve ter percebido, são cheios de detalhes para terem sucesso, e a ideia é que qualquer jardim traga alegria e não dor de cabeça.

Meu conselho é: siga essas dicas, mas não se esqueça que outros pontos deverão ser analisados e serão particulares de cada projeto, por isso, contrate sempre um profissional de confiança que faça essa análise, tire todas as suas dúvidas e, se for o caso, proponha alternativas para que você possa ter sempre muito verde por perto!

 

Colaboradora Portal Papo de Paisagista – www.papodepaisagista.com

Lilian Casagrande – arquiteta paisagista

Sócia fundadora do escritório Lilian Casagrande Arquitetura da Paisagem em 2017, cresceu frequentando o sítio de seu avô, lugar onde podia colher frutas diretamente do pé, brincar na terra e ter contato com diversos animais. Seus pais sempre encheram a casa de plantas, por dentro e por fora, e por isso nunca colocaram cobertura na garagem.

Formou-se em 2010 Arquiteta e Urbanista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e desde então atua com projetos e obras de paisagismo, tendo trabalhado em escritórios conceituados na área, nos quais atendeu públicos diversos.

www.liliancasagrande.com.br