Antes de se mudar para o seu ninho atual, no alto de um prédio de Artacho Jurado, na Bela Vista, o designer gráfico Albino Papa dividia um apartamento na Avenida Angélica, em Higienópolis. Foi justamente nessa época que ele teve seu primeiro contato com as construções de Jurado, enquanto caminhava despretensiosamente pelas ruas do bairro: “Grande parte da sua obra está lá, como o Edifício Cinderela, o Parque das Hortênsias e o Bretagne”, enfatiza. Com tanta beleza arquitetônica, Higienópolis parecia ser o lugar ideal para acolher o designer que não se imaginava vivendo em outra região. Até o dia em que o acaso decidiu intervir: “Passeando pelo Centro, me deparei com o Edifício Viadutos e decidi pedir informações para o porteiro. Um imóvel estava disponível e consegui visitá-lo na mesma hora”, relembra. 

O APARTAMENTO TEM VISTA DESLUMBRANTE PARA O SKYLINE DE SÃO PAULO. 

O apê de 52m² com planta bem resolvida e charmosos elementos da arquitetura original encantou Albino à primeira vista: “Não precisei olhar nenhum outro imóvel e em menos de um mês, eu já havia me mudado!”, conta. Além disso, o estilo tradicional da região, com suas ruelas repletas de casinhas antigas e uma infinidade de cantinas italianas, cativou de vez o novo morador, que criou o hábito de caminhar sem rumo pelo bairro para admirar e entender a sua dinâmica. “Por aqui tem os italianos mais velhos e uma concentração forte de Senegaleses. Tem ainda uns prédios de cortiço que são uma loucura, lembram um pouco a atmosfera da Lapa no Rio. E Tem também as cantinas todas, aos milhões espalhadas pela região. Pra mim, que sou bom de garfo, é perfeito!”, comenta. 








“Eu me mudei em meio a um projeto grande de trabalho. Então, passei dois dias acordado colocando tudo minimamente no lugar, senão não conseguiria trabalhar”, explica. Por sorte, desde a primeira visita ao apartamento, antes mesmo de alugá-lo, Albino já tinha em mente como seria o layout e assim, todo o processo acabou acontecendo de forma fluida e muito rápida. Como o imóvel era muito bem iluminado, graças a luz do sol que invade os ambientes durante grande parte do dia, o designer apostou nas paredes em tons de azul e cinza para amenizar a claridade, que chegava até a incomodar. “Hoje, já penso se não volto com o branco em uma parede ou outra. Às vezes acho que está tudo colorido demais, mas isso é paranóia de designer”.  


As coleções crescentes de obras de arte e livros do Albino têm lugar cativo no décor da sua morada. “Quando saí da Angélica para cá, trouxe absolutamente todos os quadros, então foi fácil distribuí-los pela casa”, conta. Muitos ainda estão guardados, somente por falta de espaço, mas o designer aproveita o seu rico acervo para refrescar o visual das paredes de vez em quando. Já a solução que encontrou para armazenar os livros é uma das suas favoritas: “Gosto muito do fato da minha biblioteca inteira estar ao meu alcance, ali na cabeceira da minha cama. Tirando os livros que preciso ter a mão durante o trabalho, tudo meu está lá”, explica. No quesito “achados decorativo”, o designer aponta a cadeira Charles Eames LCW, que encontrou em um depósito no Brás: “Foi muito barata. Estava novinha, porém, em poucas horas, ela foi “customizada” pela Granada, minha cachorra”, brinca. 
A mudança de casa ocasionou também em uma mudança de hábito. Albino, que sempre foi muito de sair, agora se considera mais caseiro. “É aqui que eu me sinto seguro, que toco a minha vida, me sinto confortável e protegido… O que mais eu preciso? Afinal, acho que o nosso lar é o nosso segundo corpo”. finaliza.  

Que incrível morar em um edifício tão emblemático, ainda mais em um apê todo charmoso como este, né? Colocamos mais algumas fotos na galeria abaixo – vale espiar – e fizemos AQUI uma seleção de produtos bem estilosos, para você reproduzir em casa o décor do lar do Albino. 

Fotos: Julia Ribeiro