Fotos: Tatiana Galindo/ Divulgação

Esta casa com mirante pertence a uma professora de educação física com duas filhas e fica em Apucarana, Paraná. Após a proprietária se divorciar, ela decidiu demolir a antiga casa que havia no terreno para dar lugar a uma nova construção que a permitisse contemplar o céu de praticamente qualquer canto da casa de 140 m². 

Para que isso fosse possível o arquiteto Neto Coelho e sua equipe foram chamados, conduzindo a construção da casa do zero e criando ambientes com soluções inteligentes para atender as demandas da proprietária. A casa conta com uma piscina de 12m, mirante, balanço suspenso, parede de cacos de tijolo e até mesmo um teto de vidro. No canal você confere a tour completa com o arquiteto Neto Coelho, e aqui no blog uma conversa com ele contando algumas curiosidades sobre o projeto.

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Casa de Valentina: Quais foram as principais demandas da cliente?

Neto Coelho: “Ela gostaria de tirar proveito da iluminação natural e da bela vista, criando um lugar de onde fosse possível contemplar o céu e a lua. A cliente gosta muito de praticar esportes tais como a natação, por isso a casa conta com uma piscina de 12m que a permite nadar com facilidade. Além disso, por conta da professora ter duas filhas, ela pediu por um quarto onde pudessem se hospedar quando dormissem em sua casa. Por não ter muito tempo para cuidar da casa, ela também precisava de um lugar simples, funcional e prático, que necessitasse pouca manutenção.”

CV: Como a casa se divide?

Neto Coelho: “A casa foi dividida em 2 eixos, sendo um deles da área íntima e outro da área social. Dividindo essas duas áreas foi possível inserir um teto de vidro que criou um eixo longitudinal, separando as duas áreas da casa. Essa modificação permite que a proprietária possa contemplar a lua de qualquer ponto da casa. É possível observar o céu no caminho para os quartos, no deck, na sala, indo para a piscina, varanda, e muito mais.”

CV: Como foi pensada a iluminação da casa?

Neto Coelho: “A iluminação natural da casa é muito boa, então optamos por utilizar uma iluminação planejada mais baixa nas lâmpadas e luminárias, tirando proveito dessa luz natural. Na bancada da cozinha e da ilha utilizamos uma iluminação direta com cestos de palha e usamos também iluminação indireta em spots voltados para as telhas coloniais. Essas escolhas proporcionam uma iluminação difusa e amena que torna os ambientes mais agradáveis e contemplativos.”

CV: É um projeto sustentável?

Neto Coelho: “Sim, pois buscamos utilizar ao máximo os materiais de demolição da casa que deu lugar à nova construção. As duas paredes de cacos de tijolos foram feitas de tijolos maciços provenientes da fundação dessa antiga construção e todos os armários são de tábuas e vigas de peroba de demolição. As tábuas de peroba também viraram o deck da piscina e todas as portas da casa. No fim, quase 90% dos materiais da casa anterior que tinha sido demolida foram reaproveitados no novo projeto. Para completar, a construção conta com aquecimento solar e cisternas para o reaproveitamento da água da chuva.”

CV: O que pode ser dito em relação à decoração de interiores?

Neto Coelho: “É uma decoração com a cara da dona, totalmente pessoal e feita especialmente para a proprietária. Não houve necessidade de levarmos objetos de decoração ou de pensar em um design de interiores novo, pois no geral os móveis e peças já eram da coleção pessoal dela. Esse aspecto pessoal fez toda a diferença no projeto, tanto que desde o momento em que se passa pela porta se absorve essa energia positiva. Além disso, toda a carpintaria foi realizada por mão de obra local, responsável também pela execução do mobiliário e até das fechaduras e maçanetas das portas. As trancas dos quartos, por exemplo, não tem aquelas maçanetas e chaves tradicionais, pois foram desenvolvidas tramelas na própria madeira da porta. Então a ideia era um aspecto mais bruto, tradicional.”

CV: Quais foram os principais conceitos que guiaram o projeto?

Neto Coelho: “Nós queríamos desde o começo que a casa contasse a história da proprietária e no fim isso acabou se concretizando perfeitamente. Nós construímos o local e a partir disso a proprietária pôde tomar posse e colocar os toques dela no espaço. Sabendo mais ou menos o que a cliente faria com os espaços, pensamos na arquitetura da casa como uma tela em branco que ela pudesse colorir com seus objetos pessoais. Não foi preciso comprar nenhuma mobília, por exemplo. Acredito que a casa tem que ter a cara do dono, por isso em todos os meus projetos cito o poema do Carlos Drummond de Andrade chamado Casa Arrumada, que fala sobre casa com vida, que tem ‘fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha’ ou ‘gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante”.