Ontem vocês tiveram uma pequena amostra da nossa quedinha pelo artesanal, né? Então, para manter esse tema de decoração feita com afeto – pelas mãos cuidadosas dos artesãos – passamos a palavra a Fedra de Faria, uma das responsáveis pela excelente curadoria da Galeria Brasiliana. Se você também é fã do riquíssimo artesanato brasileiro, não deixe de visitar a galeria – com certeza será um passeio de puro deleite e muita inspiração. Veja o endereço no site oficial ou entre em contato pelo (11) 3086-4273.

O nordeste do estado de Minas Gerais é considerado a região mais pobre do Brasil. Ou melhor, era. Na atualidade, essa região, onde a vegetação semiárida se alterna com pontos remanescentes de Mata Atlântica, foi descoberta pelos megaplantios de eucaliptos, o cultivo de bananas por empresas francesas e a acelerada mineração. Um novo surto econômico vem alterar uma situação que perdurou por séculos: os homens trabalhavam nas lavouras de Goiás, ou mesmo nas colheitas de cana no território paulista, enquanto as mulheres, muitas delas, dedicavam-se à confecção de peças artesanais e artísticas, tirando do barro algumas das mais expressivas peças da arte popular mineira.
Ficaram célebres e hoje alcançam valores elevados por seu trabalho, artistas como Noemisa, Placedina, Ana do Baú, Ulisses e Isabel Mendes. Entretanto, no Vale continuam a surgir talentos, a fluir uma produção que ainda mantém uma vigorosa autenticidade, como o trabalho da extraordinária Zezinha, hoje reconhecidamente uma das grandes criadoras da cerâmica no Brasil. Mas Zezinha não está só. Há nomes expressivos como Irene, Rita Gomes, Luisa e Josefina.
Peças artesanais de grande beleza são criadas por essas mulheres simples: vasos e filtros antropomórficos, gamelas zoomorfas, as famosas "cirandas" e peças descritivas, geralmente com temas ligados ao trabalho ou à família.
Essas peças , ainda que coloridas, não utilizam tintas industriais em sua confecção, mas unicamente o barro, de diferentes matizes, que, quando queimado, adquire coloração semelhante à tinta, confundindo muitas pessoas. Os filtros e as moringas, por exemplo, podem sem utilizados sem qualquer perigo de contaminação, pois estão isentos de produtos químicos. A técnica de colorir com o próprio barro chama-se "engobe" e é empregado desde que a humanidade começou a produzir seus primeiros utensílios.
A Brasiliana, além dos trabalhos artísticos propriamente ditos de Zezinha, Irene e Rita Gomes, possui peças artesanais escolhidas com muito gosto nos principais ateliês do Jequitinhonha.

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Fotos via Casa Claudia | Casa e Jardim | Divulgação