Nesse período de verão o maior crescimento do gramado pode mascarar problemas que se revelam em outras épocas do ano. Saiba como identificar os problemas dos gramados e como evitá-los.

Vamos começar com 5 dos erros mais comuns na manutenção dos gramados:

  1. Não irrigar

Esse é um dos problemas mais comuns que encontro nas minhas consultorias. Gramado é um tipo de forração que “bebe água”. Gramado precisa de muita água para crescer com saúde, isso porque a incidência do sol sobre a grama (e indiretamente sobre o solo) faz com que as taxas de evapotranspiração (evaporação de água da terra somada com a transpiração da grama) sejam muito elevadas.

A água para a planta é fundamental não só para a hidratação, como também para a fotossíntese, uma das reações metabólicas mais importantes. Sem água a planta perde eficiência e não cresce direito, podendo inclusive secar e morrer.

Um gramado sem irrigação tem um crescimento muito mais lento, com muito mais palha seca e muito mais falhas. Uma grama pouco irrigada aguenta menos o pisoteio e o sombreamento.

Com isso em mente, não deixe de irrigar seu gramado pelo menos duas vezes por semana.

Foto: Gabriel Kehdi

  1. Não adubar

Um gramado sem adubação depende apenas dos nutrientes presentes no solo. E se o solo for pobre em nutrientes, essa nutrição da grama será rapidamente afetada.

Toda vez que a gente corta a grama, recolhe a palha e joga fora, estamos contribuindo com um fenômeno chamado de “exportação”. Para a folha da grama crescer, a grama precisa retirar nutrientes essenciais do solo. Esses nutrientes estão presentes nas folhas para que a grama realize todas as suas funções metabólicas. Quando a gente corta a grama, esse nutriente que saiu do solo e foi para a folha é removido do gramado. Não volta mais. Se a gente corta a grama sem repor os nutrientes que estamos “exportando” (muitas vezes para o lixo – considere fazer uma composteira caseira para transformar aparas de grama em adubo), logo o solo ficará pobre em nutrientes e a grama enfraquecerá.

Adubação do gramado é fundamental, seja mineral ou orgânica. Mas atenção: não fazemos adubação no inverno. As melhores épocas de adubação do gramado são primavera, verão e começo do outono.

Foto: Gabriel Kehdi

  1. Corte raso

Esse é um hábito comum de nós brasileiros. Muitos donos de jardins com gramados e muitos jardineiros têm por hábito fazer o corte da grama “escalpelando” a vegetação da terra. E o nome técnico para esse problema é bem esse, do inglês “scalping”.

Ao fazer o corte raso da grama, estamos reduzindo muito a área foliar capaz de fazer fotossíntese. Com isso a grama vai demorar muito mais tempo para crescer, além de ficar enfraquecida.

Outro problema muito associado com essa prática é a entrada de plantas daninhas. Como a grama fica falhada, as daninhas se instalam com muito mais facilidade, já que não há tapete de grama para proteger a terra.

À altura de corte ideal é de 5cm (para grama Esmeralda, São Carlos e Batatais), a partir do nível do solo.

Foto: Gabriel Kehdi

  1. Não descompactar/ aerar o solo

Aerar o solo não é um hábito em jardins residenciais. Aliás, acho que nunca encontrei um cliente que fizesse aeração do solo. Essa é uma prática comum para gramados esportivos, mas igualmente importante para gramados residenciais.

Aerar o solo diminui a compactação superficial, naturalmente criada pelo caminhar sobre a grama, irrigação ou chuva.

A aeração também favorece e estimula um melhor enraizamento da grama, contribui com a drenagem do solo e por isso diminui os riscos de doenças fúngicas do gramado decorrentes de “empoçamento”.

Foto: Gabriel Kehdi

  1. Cortar só quando o gramado está grande.

Esse é um hábito muito (muito) comum em condomínios e residências que querem economizar com o jardim. E não há nada de errado em buscar economia – aliás, um dos fatores mais importantes de um jardim bem cuidado é eficiência do serviço com custo baixo).

Mas na busca por economia e desconhecimento das necessidades do gramado, esse corte só quando a grama está grande causa mais mal do que bem.

As plantas daninhas são uma realidade. Não há jardim no mundo que esteja livre delas. Elas vão aparecer, mais cedo ou mais tarde. É praticamente uma corrida: a planta daninha germina e a gente se antecipa para remover antes que ela floresça e espalhe sementes sobre o solo.

Quando a gente só corta a grama quando ela está grande, o que acontece? A planta daninha tem tempo livre de crescer, florescer e espalhar sementes. Por isso o corte “atrasado” do gramado contribui com a infestação de daninhas no jardim.

Foto: Gabriel Kehdi

 Todos esses problemas estão entrelaçados. E um agrava o outro. E no período do inverno é quando a grama está mais sofrida, devido à falta de água, corte raso, compactação, presença de plantas daninhas…. e muitas vezes também com doenças fúngicas de difícil controle, identificadas por manchas amarelas típicas no gramado.

Eu vou dizer aqui o que sempre digo: gramado precisa de rotina! Irrigação frequente, corte no tempo certo, adubação no tempo certo.

Coloque a manutenção do seu gramado no calendário e aproveite o melhor que seu jardim pode oferecer.

Afinal, jardim não é nada barato.