Desde a primeira vez que fui na casa da Helena já percebi que lá era uma lugar especial, com relíquias, garimpos e peças realmente selecionada a mão. A casa da Helena é linda – como fica mais que evidente nas fotos – e é o tipo de casa em que chegamos e logo nos sentimos a vontade. Na verdade acredito que isso pouco tenha a ver com o estilo ou decoração da casa em si, mas com o espírito e com a receptividade do anfitrião, e a Helene é uma anfitriã de mão cheia! Todas as mesas que monta são diferentes, o jeito que ela serve as bebidas é único, os cardápios são minuciosamente pensados… enfim, é sempre uma delícia estar lá seja para um café ou um jantar. Bom, feita esta apresentação… Vamos ao que interessa ;-)

Para a designer de interiores Helena Viscomi, um lar é muito mais do que um conjunto de elementos físicos e estéticos. Ele deve ter alma, refletir a individualidade de seus moradores e comunicar seus gostos e desejos. Talvez por isso, a sua casa seja tão acolhedora, um lugar onde os hóspedes adoram ficar e de onde ela mesma não pretende sair tão cedo: “Eu gosto muito de estar aqui, do silencio da região, do ar, de cuidar do meu jardim… E a sensação do voltar, pra mim, é muito boa”, comenta. Dona da loja de objetos e móveis second hand, De Casa pra Casa, Helena demostra no seu próprio cantinho o seu olhar preciso, que reconhece um bom – e às vezes raro – achado onde quer que esteja. 

“EU ADORO A MINHA CASA. TANTO QUE ELA É MEU REFÚGIO DE FIM DE SEMANA!”

Esta história de amor teve início há mais de 37 anos. Na época, Helena e o marido resolveram procurar um imóvel em um condomínio fechado no Alto da Boa Vista, rodeado pela natureza e de uma calmaria rara para uma cidade tão tumultuada como São Paulo. Ao avistarem a paisagem quase interiorana, não tiveram dúvidas de que aquele seria o lugar certo para eles, tanto que a procura pela casa perfeita durou quatro longos anos! “Quando finalmente encontrei este imóvel, ele estava em um estado superprecário. Mas como trabalho na área, achei um desafio maravilhoso! Adorei a localização e senti logo de cara o potencial que ele tinha”, relembra. 





Ao longo dos anos, a casa passou por três reforma, todas elas assinadas pela moradora. A última foi finalizada há pouco e durou cerca de três anos. Aturar tanto tempo de quebra-quebra e renovação não é para qualquer um, mas Helena encarou o processo de braços abertos, desenvolvendo ideias no seu próprio ritmo e com total consciência. “Foi um trabalho que eu curti do começo ao fim. Posso dizer com propriedade que fiz tudo da forma que eu gostaria”.  Uma das suas maiores vontades era de criar um projeto totalmente sustentável. Afinal, resgatar e restaurar antigos objetos é uma das suas maiores paixões, assim como a preocupação com o meio ambiente. Em parceria com um escritório de engenharia, a designer de interiores estudou muito o terreno para chegar ao melhor resultado possível, que incluía reuso de água e de uma série de materiais. “Eu diria que 99,9% das minhas janelas foram reutilizadas de uma forma completamente nova, assim como a porta de pinho de riga do meu escritório, que me acompanha há mais de trinta anos, e a lareira. O descarte gera muitos problemas. Um deles é que você não dá oportunidade de outra pessoa usar aquilo que já não é mais importante para você”. 

Além do cuidado de armazenar os elementos e de restaurá-los quando necessário, Helena também se preocupou com a questão da mão de obra, que precisava ser especializada. Montou dentro de casa uma carpintaria e, mais tarde, uma marcenaria. Tudo isso para diminuir a necessidade de transporte dos materiais. “Na hora de reutilizar de forma sustentável, é preciso levar em conta a questão da mobilidade”, explica. 

Neste lar não falta espaço para os achados da Helena: “Eu tenho o de Casa pra Casa, então a minha vida é isso!”. Mas dentre todos eles, o seu maior xodó é o pianoforte do século XVIII, uma raridade que ficará na família por muitos anos. “Quem toca são meus netos! Eles chegam, sentam e dedilham, mas é mais na farra!”, comenta.

Com 1100 m2 de área construída e mais de 3000 m2 de terreno, a propriedade reflete uma mistura boa da personalidade dos seus moradores. Enquanto Helena é uma pessoa extrovertida e comunicativa, seu marido é mais reservado, introspectivo e amante da leitura. Por essa razão a casa é voltada para o lado de fora, toda envidraçada, o que garante o contato direto com a natureza. Por outro lado, tem um interior acolhedor, cujo ambiente central é um living biblioteca. “Ela é aberta e ao mesmo tempo tem um lado mais contemplativo, reflexivo, aconchegante, para dentro. Tudo que está ali tem um significado. Os objetos completam o meu dia a dia e os livros fazem parte da vida dele. São detalhes que demonstram o nosso estilo de ser”. Depois de tantos anos, inúmeras mudanças e uma infinidade de histórias, Helena continua realizada com o lar que construiu: “Nossos filhos foram criados aqui e agora tem os nossos netos. A casa vai sofrendo todas as transformações de acordo com o desenrolar da nossa vida, mas a nossa essência sempre permanece”. 

Um sonho de morada, não é verdade? Adorei saber de todos os detalhes do projeto e ver como o tempo moldou a decoração. Se você quiser espiar mais um pouquinho, coloquei mais fotos na galeria! E AQUI você confere uma seleção só de produtos do De Casa Pra Casa.

Fotos: Julia Ribeiro