A arquiteta Janete Ferreira da Costa nasceu em 1932 numa cidade chamada Garanhus em Pernambuco e passou sua infância e adolescência em em João Pessoa, na Paraíba. Janete teve sua infância marcada por seus brinquedos artesanais e pela maneira com que a água em sua casa era guardada: moringas ou potes de barro. Mal sabia ela que dali, nasceria uma paixão.

Aos 20 anos, Janete foi para Recife (PE) e iniciou seus estudos no Curso de Arquitetura de Belas Artes de Pernambuco (EBAP). Durante a faculdade, casou-se e teve quatro filhos (três deles também arquitetos e uma galerista). Em 1961, completou seu curso na Faculdade Nacional de Arquitetura, em Niterói (RJ).

A trajetória de Janete Costa pelo universo da arquitetura foi pulsante, característica que condizia também com a pessoa que ela era. Em 1960 abriu uma loja de móveis e objetos de decoração na praia de Icaraí em Niterói (RJ), chama Escala, que comercializava peças de designers brasileiros. Em 1969 ela ganhou o prêmio anual de representação de Pernambuco do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Janete realizou mais de 3.000 projetos na área, entre eles residências, bibliotecas, cinemas, escritórios, clubes, galerias, prédios comerciais e residenciais, museus, salas VIP de aeroporto e até hóteis; esse último, ela virou referência em qualidade de nível internacional.

Em 1979, formou-se no Instituto Joaquim Nabuco (RE) em Planejamento de Interiores, e seu desempenho como designer de produto e de móveis veio à tona. Em seus projetos, muitas vezes sentia a necessidade de agregar mais vida ao décor, e então ela mesma desenhava as peças, de lustres à cadeiras. Mas foi com essa necessidade e com esse olhar, que Janete Costa deu vida à sua missão: a arte popular e o artesanato brasileiro.

Sua paixão e admiração pela arte feita pelas mãos era fascinante! Pode-se até pensar que era apenas uma maneira de colocar uma decoração diferente em seus projetos, mas não, sua passagem pela arte popular e pelo artesanato ia muito além disso. Ela distinguia os dois; arte popular é aquela feita pelo artista, geralmente peças únicas e assinadas por ele mesmo; já o artesanato, são as peças produzidas em grupos, em maiores quantidades e sem assinatura.

A visão de Janete para esses profissionais era uma missão de alma e valor ao trabalho deles. O trabalho do artesão é, em sua grande maioria, por uma necessidade de sobrevivência, um dom manual, que fez com que Janete trouxesse olhares e uma movimentação em grande escala pro mercado. O movimento vira então uma manifestação cultural e completamente necessária, já que o Nordeste era pouco desbravado e valorizado nesse aspecto.

Estudando e inserindo essas peças em seus projetos (que virou marca registrada dela), Janete sentiu a necessidade de lapidá-las um pouco mais e criou um projeto chamado Interferências, que reunia arquitetos e designers num trabalho em conjunto com os artesãos e artistas populares, onde eles traziam novos olhares e detalhes para os produtos, mas sem tirar a natureza dele. Janete dizia: “Interferir sem ferir”. Em suas ambientações, alguns nomes: Nhô Caboclo (escultor e entalhador), Nicola (escultor) e Mestre Nuca (escultor). Além disso, Janete organizou inúmeras grandes exposições com produtos populares, como em 1992 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) na mostra Viva o Povo Brasileiro.

Arquiteta, designer, visionária e apaixonada por sua cultura pernambucana, registrou ainda seu conhecimento na área da literatura, com o lançamento do livro Interiores em 1993, que marcou seus 30 anos de carreira. Em 1994, Janete comandou um projeto de restauro do Teatro Arthur Azevedo e do Palácio dos Leões, em São Luís (MA).

Mais que merecido e linkado diretamente com sua dedicação aos artesãos e artistas populares pernambucanos, em 2006 Janete Costa recebeu a Medalha de Ordem do Mérito Guararapes, concedida pelo Governo do Estado de Pernambuco, e a Medalha João Ribeiro pela Academia Brasileira de Letras; e em 2007 o prêmio “Mulheres Mais Influentes do Brasil” na categoria Arquitetura e Decoração.

Janete Costa faleceu aos 76 anos, em novembro de 2008, mas deixou um legado expresso na valorização das nossas origens; daquilo que é brasileiro; que tem alma, amor e arte. Na possibilidade de agregar ao mercado, aquilo que é mais genuíno e olhar para os pequenos produtores pernambucanos.  Alguns dos muitos espaços que, homenageiam a arquiteta: Espaço Janete Costa no Museu do Homem do Nordeste (PE); Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu (PE) e Museu Janete Costa de Arte Popular em Niterói (RJ).

Fontes: Janetecosta.Arq, Enciclopedia.itaucultural.org, Culturaniteroi, Casaclaudia.abril