Fotos: Felipe Costacurta/Divulgação

Esta casa incrível cheia artesanato local e elementos naturais é do Felipe Costacurta e fica na Praia do Espelho, na Bahia.

Toda a construção da casa foi feita há quase 3 décadas por uma família de nativos, mas há diversas soluções simples que funcionam para todo tipo de moradia e tornam a casa atual.  Além disso, o Felipe deu vários toques especiais na decoração com alguns bordados que ele mesmo fez inspirados no local!

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Casa de Valentina: Você considera importante incorporar itens locais à casa?

Felipe Costacurta: “Acredito que incorporar elementos encontrados na natureza é um hábito que ajuda não só na conservação como na harmonia entre os ambientes. A casa toda se mimetiza com a vegetação e com o bioma, então a ideia é não concorrer com a natureza, mas sim fazer parte dela e me adaptar ao que já existe.”

CV: Como funciona a questão de obras no local?

Felipe Costacurta: “Foi uma família nativa que construiu a casa há 3 décadas. Com o tempo, eles foram reformando e atualizando a casa, mas sempre respeitando o meio ambiente e a história local.”

CV: Você faz um trabalho incrível de bordados, e dá pra ver que a temática de muitas das peças é voltada para esse universo praiano e natural. De que forma a casa te inspira a fazer seus bordados?

Felipe Costacurta: “A casa tem uma energia forte e eu sinto que aqui o tempo passa de maneira diferente das grandes cidades. Aqui tudo me inspira, desde as pessoas que passam pela casa, os esquilos, araras, beija flores de várias espécies, peixes, índios… Tudo isso me permite ter um monte de ideias e aí coisas incríveis começam a acontecer. Eu nunca saio daqui da mesma forma que cheguei, porque gosto de me misturar, fazer parte e deixar que os elementos, experiências e histórias do local habitem minhas memórias e ações a partir do momento que me ausento. Assim a vida ganha cores e sabores diferentes!”

CV: Há algum desafio para manutenção da casa?

Felipe Costacurta: “Cuidar de uma casa é sempre um desafio, mas é necessário. A madeira exige constante cuidado e os eletrodomésticos ficam com vida útil menor por estarem de frente para o mar. O segredo é ser o mais simples possível em suas escolhas e aproveitar da sofisticação que a natureza nos oferece. Mais do que um filtro de água com ozônio e partículas de ouro rejuvenescedoras, que tal um bom filtro de barro onde a arara insiste em bebericar algumas gotinhas?”

CV: Você comentou sobre os trabalhos artesanais indígenas, muito presentes na casa. Poderia falar mais sobre?

Felipe Costacurta: “A tribo dos Pataxós é a primeira a ser dona desta terra. Eles estão aqui desde que o homem branco chegou nas caravelas de Pedro Álvares Cabral em 1500. Segundo dados históricos, a primeira praia que avistaram ao ver o Monte Pascoal foi a Praia do Espelho.  São todos artesãos natos com uma linda história de força e perseverança, e são extremamente receptivos conosco. Eles entram aqui em casa, sentam-se no chão e nos ensinam muitas coisas. Afinal, a nossa história começa com a deles. Assim, poder estar aqui valorizando, honrando e cuidando deste patrimônio junto dos índios é um verdadeiro privilégio.”

CV: O que esta casa te oferece de diferente?

Felipe Costacurta: “O local  tem nos mostrado uma nova perspectiva sobre a vida. Entramos diariamente em contato com novas pessoas, novas histórias e novas culturas. É importante olhar para o sofisticado sem dar tanta importância. Aqui encontramos um refúgio do som, dos impactos sociais e até mesmo visuais. A sociedade está muito abalada, mas quando estamos aqui a natureza parece nos dizer que está tudo bem. Uma micro sociedade se revela quando nossos olhos deixam de ser turísticos, mas o que não muda é meu o encantamento por um paraíso chamado Espelho, mais especificamente Curuípe. Depois de rodar várias vezes o mundo, morar em grandes cidades e curtir todas as suas pluralidades, descobri que minha alegria está em uma casinha vermelha de frente pro mar na praia do Espelho.”