Fotos: Ito Cornelsen/ Divulgação

Esta casa de campo fica em Campos Gerais, a 60km de Curitiba, e foi construída há alguns anos pela arquiteta Maylin Ling, ao lado de seu marido, Paulo. A fazenda onde a casa está localizada pertence aos familiares do Paulo há mais de 100 anos, e foi comprada de uma congregação de padres que acolhiam famílias de escravos libertos após a abolição. Dessa forma, o terreno possui uma história centenária, e, por mais que a casa por onde o tour foi feito seja mais recente, ela também é fruto dessa história.

Ao longo de décadas, Paulo foi juntando pedras que sobravam de antigas construções da fazenda, além de pedaços de madeira de árvores caídas na região. Anos depois, quando ele e Maylin decidiram construir uma casa destinada apenas ao casal, para somar à sede da fazenda, reaproveitaram boa parte desse material. De início, a ideia era fazer uma casa bem extensa, com mais de 300m², mas por conta da pressa e vontade crescente de passar cada vez mais tempo por lá durante a pandemia, acabaram construindo uma casa de hóspedes. No fim, desistiram da empreitada maior e viram que aquela construção cabia perfeitamente nas necessidades de ambos como casal.

O resultado foi uma casa de campo rústica e aconchegante, com uma área externa ampla, lareira, mezanino e muito mais. Além disso, Maylin mesclou móveis de época e garimpos com peças assinadas de design. No canal você confere a tour completa com ela pela casa, e aqui no blog uma conversa com a arquiteta contando algumas curiosidades sobre o projeto.

Aperta o PLAY para ver mais detalhes:

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Casa de Valentina: Qual é a história da casa?

Maylin Ling: “O bisavô do Paulo tinha criação de gado, mas em outras fazendas no interior do Paraná. Ele vinha trazendo esse gado para a cidade para abatê-los. Então foi chegando um ponto em que a família sentiu a necessidade de comprar uma fazenda mais próxima de Curitiba. Essa fica  a 65 Km de Curitiba. Eles compraram a fazenda por volta de 1930 de um padre, que fazia o local de congregação para acolher famílias de escravos libertos. Por incrível que pareça, a área da fazenda é enorme, com 1.300 hectares. Na metade da fazenda ainda existe gado e soja, e na outra metade tem carneiros e plantação de soja.”

C.V: De onde surgiu a vontade de construir esta casa dentro da fazenda?

Maylin Ling“Tem mais ou menos uns 20 anos a vontade de construir a casa. Ao longo do tempo, o Paulo foi juntando muitas pedras pensando em fazer a casa em pedra no futuro. Na pandemia começamos a frequentar bastante a fazenda, e aí surgiu a necessidade de dividir a casa entre os parentes. Para maior privacidade,  cresceu a vontade de construir uma casa no terreno só para nós. A partir disso, fiz um projeto de cerca de 300 metros quadrados. Como ia demorar muito, decidimos fazer uma casa de hóspedes primeiro, para resolver o nosso problema durante a pandemia. A casa realmente foi construída muito rapidamente, em apenas 10 meses. Aos poucos desistimos da ideia de uma casa de 300 e poucos metros quadrados e vimos que a casa de hóspedes atendia perfeitamente às nossas necessidades quanto casal.”

C.V: Quais foram suas principais inspirações?

Maylin Ling: “A principal inspiração foi nos materiais utilizados, pois muitos eram antigos, guardados da casa principal da fazenda. Muita madeira dura foi guardada, só que estava em um galpão, empilhada e sem uso. Utilizamos elas para a estrutura do mezanino e também para o pergolado. Fora esses materiais, também encontramos muitas antiguidades que aproveitamos na decoração. Então a ideia foi reaproveitar o que já existia, mas revitalizando o necessário, sempre mantendo um visual rústico.”

C.V: Como a personalidade de vocês foi impressa na casa?

Maylin Ling: “Temos muitas peças que lembram nossas viagens. Na casa há tapetes persas, itens que trouxemos da Amazônia, da Argentina, Europa… Ao conviver com essas peças a gente lembra constantemente desses momentos deliciosos de viagens, e automaticamente o dia a dia fica ainda mais agradável e cheio de memórias boas. As almofadas do sofá da sala, por exemplo, tem bordados de índios do Panamá, que fazem esses desenhos com sobreposição de tecidos. Como pode-se observar, são desenhos que representam a fauna, a flora e as crenças que os cercam diariamente.

Eu também gosto muito de misturar móveis contemporâneos com peças antigas, então tem cadeiras assinadas junto a coisas garimpadas ou super velhas que arrumamos.”

C.V: O que você destacaria no jardim?

Maylin Ling: “Moramos em casa com jardim e eu sempre gostei muito de cultivar plantas. O redor da casa é uma área muito bem preservada. Tem veados, carneiros e até onça. Essa fauna e flora está muito ligada a casa e não queríamos perder isso. Fora as plantas e flores no próprio jardim logo na frente da casa, no terreno já plantamos mais de 200 árvores, todas da região, e pretendemos plantar muitas outras. Eu ainda quero fazer uma estufa, escolher um lugar especial para as minhas orquídeas…claro que vai demorar uns anos, mas aos poucos tudo vai crescendo e se integrando.”

C.V: E o processo no geral, foi tranquilo?

Maylin Ling: “Absolutamente. Nós tratamos de maneira leve, aproveitamos cada segundo e tudo fluiu muito bem.”