Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação
O que é morar? Essa pergunta tão simples, e ao mesmo tempo tão profunda, deu origem ao nosso videocast Em Casa, onde refletimos sobre nossa relação com a casa a partir de diferentes perspectivas, desde arquitetura até sociologia. No episódio de hoje, recebemos uma convidada que reúne muitíssimos predicados: psicanalista, professora, palestrante e pesquisadora, autora e colunista, atuando nos campos de Psicanálise, subjetividade e cultura. Ninguém mais, ninguém menos, que Maria Homem.
Psicóloga e doutora pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Psicanálise e estética pela Universidade de Paris VIII, Maria aceitou o convite para estar aqui hoje e se debruçar sobre a relação que estabelecemos com a nossa própria casa. Afinal, qual é a relação entre ser e morar? Como é feito o diálogo com o espaço que nos envolve? E o que é ter bom-gosto?
Em uma conversa repleta de reflexões, a psicanalista chega ao cerne da questão: eu sou a casa e a casa me é. Tudo aquilo que somos, sentimos, fazemos, gostamos e pensamos, refletem e também são reflexos do espaço que nos circunda, desde o ventre materno até a casa em que idealizamos ver nossos filhos crescendo. E esse morar é sempre fluido, por mais que a moda tente ditar um padrão a ser seguido. A casa é um espelho do “eu”:
“Qual é a sua melhor casa? Aonde você é. Onde você pode se ser e fazer o que você gosta. No tanto de ordem ou de caos que você gosta. Às vezes o que é confortável para você, não é confortável para o mundo. E ao delegar para o outro te dar tudo e não ter trabalho com isso, você paga o preço de se adaptar ao outro, à casa ‘da moda’.”
Está aí a importância de entendermos onde nos sentimos bem, e onde nós somos inteiros, independentemente dos padrões arquitetônicos em voga. Uma reflexão que traz a história para dentro da questão, com a multiplicação cada vez mais recorrente dos espaços privados em detrimento da convivência social. Como Maria Homem bem coloca, a casa é um prolongamento do “eu”, mas ela é também o convite do outro.
Na ansia de buscarmos nosso próprio espaço, criamos mais cômodos, mais paredes e mais divisões que tornam o convívio, o conforto, e o se sentir você mesmo em sua própria casa, mais difíceis de se encontrar.
“O espaço é a projeção das ideias inconscientes. Às vezes você descobre no território da casa, do prédio, do clube, e do espaço coletivo, as fantasias do inconsciente que a gente carrega.”
A Parte 1 dessa conversa mais do que especial já está disponível na íntegra no canal do Youtube. Acompanhe nossas redes para não perder a segunda parte! Prometo que você não vai se arrepender.
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