Natureza como protagonista e muita iluminação natural
26 ago, 2025 | Casas, Acima de 200 m2, Campo
Fotos: Lela Leme / Divulgação
Escritório: TAU Arquitetos
Área: 455m²
Local: Bragança Paulista, São Paulo
Inspirada no conceito egípcio per ankh, que significa “casa da vida”, a Casa Ankh foi pensada como uma extensão do corpo, da rotina e do ambiente natural que a envolve. Assinada pelo escritório TAU Arquitetos, a residência se integra à topografia acidentada do terreno e valoriza a paisagem montanhosa ao fundo, transformando a natureza em protagonista de sua arquitetura.
Com 455 m² distribuídos em quatro módulos independentes, a casa se organiza em torno de um pátio central que atua como ponto de encontro e garante conforto térmico. No volume social, sala e cozinha se abrem para a vista do poente, protegidas por um generoso beiral de concreto que controla a insolação. A suíte master da proprietária, com banheiro e closet, conecta-se a esse espaço de forma integrada. Já o quarto da filha ocupa um mezanino com acesso independente, privilegiando autonomia e privacidade.
“O principal pedido da cliente — que é uma escritora, psicanalista e ativista cultural — era ter uma casa em que ela pudesse apreciar a vista da paisagem para todos os lados. De forma que a inspirasse a escrever, como se todo canto da casa fosse possível ela sentar e iniciar uma nova história. Além disso a casa deveria ser solar, estar bem implantada e ter a presença da iluminação natural o dia todo.”
Outros ambientes foram pensados para atender diferentes necessidades da família: o ateliê na fachada leste funciona como núcleo criativo e espaço de convivência; a ala técnica, voltada para o sul, reúne garagem e áreas de serviço; enquanto as varandas criam emolduramentos da paisagem e convidam ao convívio ao ar livre.
A materialidade reforça a robustez da proposta. Concreto aparente em lajes e beirais garante durabilidade, enquanto revestimentos em pedra e acabamentos produzidos com a terra do próprio terreno estabelecem um vínculo direto com o lugar. Os materiais naturais e de origem local imprimem uma estética atemporal, marcada pela força dos volumes e pela integração com a paisagem.
“O fato de o lote estar no alto de uma colina, uma posição que está exposta às intempéries sempre preocupou muito a cliente que então nos solicitou uma forma de resolver isso, uma vez que alguns vizinhos chegaram a perder o telhado em dia com tormentas. Na visão dela a casa deveria ser sólida, robusta e protegida. Isso determinou a implantação, a estrutura e os materiais que trabalhamos. Quanto à forma pensamos em um vilarejo formado por quatro pavilhões que protegem e se conectam através de um pátio central, trabalhamos com estrutura de concreto e lajes planas para não sofrer ação com os ventos e utilizamos concreto aparente (acabamento da laje e beirais), pedras naturais (muros de arrimo, piso e revestimento do embasamento) além do acabamento externo da casa ser todo feito com tinta de terra feito com a terra do próprio terreno.
O paisagismo, assinado por Eduardo Kosovicz, foi concebido como continuidade do projeto arquitetônico, explorando diferentes microclimas. No setor mais árido, espécies do cerrado brasileiro reforçam a rusticidade e demandam pouca manutenção, enquanto áreas próximas à cozinha abrigam hortas, ervas e pomares que estimulam o cultivo diário e fortalecem a relação entre habitar e nutrir.
Mais do que um projeto residencial, a Casa Ankh é um espaço de conexão entre pessoas, materiais e natureza. Uma morada que traduz, em sua essência, o conceito de “casa da vida”: um lugar onde habitar e existir se tornam inseparáveis.
“A diferença dessa casa para uma convencional é que ela foi pensada para receber residências artísticas, eventos culturais, workshops. O pavilhão do Ateliê ajuda nesse propósito pois além de um espaço multifuncional para criação de arte ele também pode ser divido ao meio abrigando um quarto de hóspede, com copa e banheiro próprio. O conceito do pátio aberto também permite múltiplas ocupações, por isso o paisagismo ali foi mais contido, pensado apenas com uma árvore de Jasmim Manga e o restante grama São Carlos.”
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