Memória, acolhimento e poesia mineira no morar

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10 2025

Memória, acolhimento e poesia mineira no morar

01 out, 2025 | Mostras, De 50 a 100 m2

Fotos: Jomar Bragança / Divulgação
Escritório: Joana Hardy
Paisagismo: Flora de Série
Obra do espaço: UNI Construtora

Assinado por Joana Hardy para a CASACOR Minas Gerais, o Living do Colecionador é um espaço que transcende a ideia de uma simples mostra de decoração. Aqui, morar é entendido como um ato de acolher, recordar e compartilhar — uma experiência que combina arte, afeto e identidade.

Inspirado pela essência do desenho mineiro, o projeto faz do tempo um aliado: memórias e referências atravessam décadas e se manifestam em formas, matérias e mobiliário escolhido com precisão. O estar e a sala de jantar se unem em continuidade, como cenários que convidam a encontros sem pressa, ao redor de mesas que são palco para conversas extensas, tão características da cultura mineira.

“O conceito do espaço partiu da intenção de fazer uma homenagem a Minas Gerais. Como era também o ano de comemoração dos 30 anos da Casa Cor Minas achei que faria sentido fazer esta referência a Minas e consequentemente aos seus artistas, designers e arquitetos. Criei então um personagem que me ajudaria a criar a história que gostaria de contar naquele espaço. O personagem é um colecionador provavelmente mineiro e que tem admiração pelo o que é produzido localmente e também possui admiração pelo design brasileiro.”

Cada peça presente no ambiente é mais que um objeto: é história, autoria e pertencimento. O mobiliário assinado por grandes nomes do design brasileiro — com destaque especial para arquitetos e designers mineiros — celebra o respeito ao fazer manual, à matéria e à tradição.

A icônica Poltrona Mole, de Sérgio Rodrigues, executada em pinho de riga, traduz o conforto generoso que dialoga com a essência mineira. Ao lado dela, a raridade da Poltrona com Braços em Rattan (1950), de Martin Eisler & Carlo Hauner, preserva a força do design modernista com sua estrutura em ferro pintado e o rattan original de época. A atemporalidade se prolonga na Escrivaninha Tenreiro, dos anos 70, em jacarandá maciço, que imprime sobriedade e memória. No centro do estar, a delicada Mesa Pétala, de Jorge Zalszupin, desenhada em pau-ferro, floresce como peça-símbolo da organicidade no design. Já o Aparador Edifício SQS 112, de Porfírio Valladares, inspira-se nos edifícios horizontais de Brasília, unindo arquitetura e mobiliário em uma mesma narrativa.

“Ao longo do espaço objetos, obras de artes, mobiliários, tapeçarias foram sendo colocadas criando um percurso para que o visitante pudesse ir passeando pelo espaço e descobrindo aos poucos todas as peças e suas histórias. Fiz uma seleção de mobiliário vintage e contemporâneo criando um ambiente que parece que já estava no espaço que pertencia aquele prédio que possui uma importância para a arquitetura da cidade.”

A sofisticação do morar aqui não se impõe, mas nasce da simplicidade e da autenticidade. Linhas puras, texturas delicadas e uma paleta de tons terrosos evocam as serras, os horizontes e o silêncio contemplativo de Minas. A galeria de arte integrada ao espaço reforça esse espírito, aproximando o visitante de um acervo que é tanto estético quanto afetivo.

“O edifício Art Déco do arquiteto Raffaello Berti inspirou alguns elementos do espaço como o tapete desenhado por mim que tem como elementos detalhes do gradil da fachada principal do edifício. Fiz também algumas referências familiares, um grande tapete exposto na parede é desenho do meu pai, Álvaro (Veveco) Hardy, ele desenhou para uma coleção de arquitetos da Marie Camille. No espaço também estão expostos croquis do meu pai, do meu avô Raphael Hardy Filho também arquiteto, da arquiteta Freusa Zechmeister, mobiliário do arquiteto Porfírio Valladares (meu sogro) e a mesa de jantar e os armários ao fundo desenhos do arquiteto Carico. Estas pessoas são referências pessoais e profissionais para a minha formação como arquiteta. Além das obras de arte que são importantes na composição do espaço. Artistas mineiros como Maria Helena Andrés, Wilson Batista, Jorge do Anjos, Lorenzatto entre outros artistas jovens estão nas paredes do espaço e na frente da grande cortina de seda natural. Cores e texturas foram pensadas numa representação da cultura mineira, fazendo uma referência ao fazer manual, as cores e materiais das cidades coloniais tão representativas da nossa cultura.”

Mais do que um espaço de exposição, o Living do Colecionador é uma morada com alma. Um ambiente que propõe sentir, lembrar e pertencer — transformando arquitetura em experiência e o habitar em poesia.

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