11 2025

Estilo clássico com pegada contemporânea

27 nov, 2025 | Casas, De 50 a 100 m2, Cidade

Fotos: Marlon Erthal / Divulgação
Escritório: ONO Arquitetos
Área: 56m² (área social)
Localização: Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Quando Paulo encontrou, há 16 anos, a placa de “vende-se” pendurada em uma casa abandonada em Porto Alegre, a sensação imediata foi de oportunidade — não apenas de compra, mas de renascimento. Anos depois, já ao lado de Vinícius, ele decidiu que era hora de transformar aquele refúgio afetivo em um espaço que finalmente refletisse o modo vibrante com que vivem e recebem seus amigos. Para isso, recorreram ao arquiteto Nicolas Puchalski, responsável pelo escritório ONO Arquitetos, com um pedido claro: uma casa viva, repleta de cores, texturas marcantes e padrões que acolhessem sua coleção de arte e suas histórias.

O projeto começou com a etapa menos visível, porém fundamental: resolver infiltrações persistentes que impediam qualquer avanço estético. Somente após testes e reparos minuciosos o arquiteto pôde iniciar a construção de uma atmosfera que se afastava radicalmente de qualquer minimalismo bege. O casal desejava profundidade visual, camadas, vibração e uma casa que abraçasse listras, xadrezes, texturas ricas e até o clássico toile de jouy, reinterpretado com frescor contemporâneo.

“A minha história aqui começa há 16 anos atrás em que eu me deparo com uma placa de ‘vende-se’ na frente de uma casa que estava abandonada e eu quis resgatá-la. Sempre gostei muito de arte, de literatura, de arquitetura… Pra mim era importante um arquiteto que me deixasse participar do projeto. Eu não queria o projeto de um escritório que tivesse uma assinatura de projeto. Eu precisava de alguém que tivesse esse olhar e que pudesse incorporar as minhas experiências de vida no projeto da casa.”

As texturas foram tratadas como protagonistas. Tecidos espessos, tramas bem marcadas e superfícies que convidam ao toque criaram um campo sensorial que faz cada ambiente respirar personalidade. Para garantir unidade em meio à diversidade, os sofás e poltronas, peças que já pertenciam ao casal e não combinavam entre si, foram reformados artesanalmente. Assentos ganharam novas proporções, braços foram redesenhados, estruturas laqueadas e tecidos substituídos por versões mais encorpadas, que dialogam com o conjunto sem apagar a memória de cada móvel.

A cor, porém, foi o grande fio condutor do projeto. O tom de verde que domina paredes e marcenarias é resultado de um estudo cuidadoso que incluiu dezenas de testes até alcançar a nuance exata. A referência veio da enorme árvore Flamboyan que se projeta pela janela e invade a sala como um quadro vivo. Suas folhas filtram a luz de maneiras diferentes ao longo do dia, criando uma paleta mutante que pede profundidade e ousadia. O interior responde a esse espetáculo natural com cores saturadas, acabamentos contrastantes e um equilíbrio calculado entre intensidade e acolhimento.

Padrões clássicos — listras elegantes, xadrezes atemporais e desenhos ornamentais — trazem ritmo ao espaço, criando um jogo visual que carrega charme histórico, mas com uma leveza contemporânea. A presença do lustre de cristal, peça afetiva dos moradores, ganhou protagonismo em meio a essas camadas, guiando decisões de composição e reforçando a vocação da casa para o encontro e para a celebração.

“Não queriam uma casa ‘bege e clean’, mas sim um espaço com cor e com ‘cara de casa’, texturas, listras, xadrezes, toile de jouy… que abraçassem todas as obras de arte e quadros que os clientes adquirem ao longo dos anos em leilões e galerias, tivesse peças garimpadas como o bar ao lado da lareira, o piano que já está há anos na família. Uma casa que fosse viva, tivesse a identidade deles, e que acima de tudo que recebesse muito bem, pois amam estar com a casa cheia de amigos e colegas. Um apelo ao estilo clássico que resiste ao tempo e reflete a personalidade deles, mas com uma pegada contemporânea pra acompanhá-los durante a rotina da vida moderna.”

Camadas de textura, cor e memória transformaram uma antiga casa abandonada em um lar pulsante, daqueles que revelam, em cada detalhe, o modo único como seus moradores enxergam beleza, afeto e o morar.