Arquitetura e natureza em sintonia
04 nov, 2025 | Casas, Acima de 200 m2, Campo

Fotos: Joao Paulo Soares de Oliveira
Escritório: Cornetta Arquitetura
Área: 515m²
Localização: São Roque, São Paulo
Assinada por Pedro Cornetta, esta casa de 515m² foi concebida como uma pausa na rotina urbana. Projetada para um casal sem filhos que buscava um lugar para passar os fins de semana e, ao mesmo tempo, um espaço de trabalho em meio à natureza, a residência traduz o desejo de desacelerar sem abrir mão do conforto e da funcionalidade. O projeto, enraizado no respeito à paisagem, reflete o encontro entre o sossego do campo e a precisão da arquitetura contemporânea.
Implantada cuidadosamente em um terreno com topografia em aclive, a residência foi pensada para preservar o bosque que cobre a metade superior do lote. A solução encontrada pelo arquiteto foi acomodar a construção na cota média, onde não existiam árvores, garantindo o mínimo impacto ambiental. Assim, a casa se abre ao pôr do sol e ao vale circundante, exibindo uma fachada que ganha tons dourados sob a luz do fim da tarde.
“Essa dupla condição de implantação se traduz em um desafio volumétrico que se tornou a linguagem do projeto: a residência parece ser térrea quando vista do bosque, mas revela dois pavimentos do lado oposto, pela via de acesso. Cada fachada reflete condicionantes distintas — luz, escala, usos — como se fossem dois projetos sobrepostos.”
A estrutura reflete a inteligência construtiva que permeia todo o projeto. O volume principal, leve e linear, repousa sobre uma base robusta de concreto e pedra. Acima dela, o prisma metálico é revestido por painéis de madeira carbonizada, combinando sistemas pré-fabricados e técnicas artesanais. Essa combinação de materiais reforça o diálogo entre o natural e o industrial, uma síntese perfeita do espírito que norteia a obra e cria a sintonia entre arquitetura e natureza.
O arquiteto buscou desenhar uma experiência de habitar a paisagem: cada escolha, desde o posicionamento dos volumes à seleção dos materiais, revela o compromisso com o lugar. O valor do projeto não está na ostentação, mas no gesto preciso, na composição que equilibra leveza e matéria, deixando-se moldar pela natureza.
“Aqui, o valor está menos na ostentação e mais no domínio do gesto: no desenho que respeita o lugar, na composição que equilibra matéria e leveza, na elegância silenciosa que permeia toda a obra.”
Internamente, os espaços também privilegiam a fluidez e a integração visual com o entorno. Grandes aberturas enquadram as vistas do vale e do bosque, transformando o cenário natural em protagonista. A luz, em constante mutação ao longo do dia, desenha novas atmosferas sobre as superfícies em concreto, madeira e vidro, criando um jogo interessantíssimo entre sombra e transparência.
Em essência, a casa é um manifesto silencioso sobre o poder da arquitetura de pertencer e se encaixar ao lugar. “Impressiona sem esforço”, como Pedro reforça, e não por excessos, mas pela precisão do traço, pela harmonia das proporções e pela sensibilidade com que se insere na paisagem.






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