Fotos: Evelyn Müller / Divulgação

O Open House de hoje mostra uma casa que, para além de abrigo, é fruto de uma relação de longa data entre o arquiteto Rogério Shinagawa e a ceramista Diane Cossermeli, que desde 2015 compartilham afinidades estéticas e filosóficas. Roberto encontrou Diane em uma feira de artesanato, e desde então cultiva com a ceramista uma amizade em que compartilham interesses e aprendizados.

Quando Diane decidiu construir a casa de seus sonhos em um terreno que tinha há anos em Campos do Jordão, a decisão de chamar Shinagawa para fazer o projeto não poderia ser mais natural. A residência foi pensada para abrigar um casal com dois pets, cujos filhos já são casados e visitam com frequência. A proposta era clara: um lar confortável, compacto e conectado à natureza, que pudesse acolher a família, oferecer tranquilidade e integrar a vida pessoal com a atividade artística da proprietária.

O resultado é uma casa que impressiona em cada detalhe, com uma planta em U muito bem aproveitada e perfeita integração com a paisagem. Na visita completa, você vai entender melhor como a arquitetura pode ser rica sem abrir mão da sustentabilidade, muito pelo contrário: é a partir de soluções inteligentes que o projeto ganha vida.

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Um abrigo com alma de cabana

A inspiração veio da ideia de abrigo: uma arquitetura acolhedora, quase arquetípica, que se traduz em formas simples e reconhecíveis — como o telhado de duas águas que coroa o volume principal. Essa geometria clara e afetiva evoca a imagem de uma cabana no meio da floresta, ao mesmo tempo em que se abre de forma generosa para a paisagem do vale.

Desde o início, a implantação do projeto buscou minimizar os impactos ambientais. O volume principal foi acomodado sobre um platô natural do terreno, reduzindo a movimentação de terra e preservando a vegetação nativa. Parte da casa avança em balanço sobre o declive, criando uma sensação de leveza e conexão com o relevo.

Planta em “U” e integração com a paisagem

A casa foi organizada em uma planta em formato de “U”, com os blocos levemente deslocados entre si para favorecer a circulação de ar, a entrada de luz natural e a criação de pátios internos. No centro da composição, um pátio voltado para o vale serve como espaço de transição entre os ambientes internos e a natureza ao redor.

O volume principal reúne sala de estar, jantar e cozinha em um espaço fluido e totalmente integrado — um destaque do projeto. Nas laterais, quatro suítes foram distribuídas em dois blocos: duas suítes ficam em um volume separado, ideal para receber os filhos em suas visitas; outra suíte funciona como escritório; e a suíte master foi posicionada para aproveitar ao máximo a vista e a privacidade.

Sustentabilidade na prática

A residência é um exemplo de arquitetura comprometida com a sustentabilidade, tanto nos materiais quanto nas soluções técnicas: placas fotovoltaicas para geração de energia, aquecimento solar da água, captação e reuso de água da chuva, tratamento de águas cinzas, ventilação cruzada e insolação estratégica, dispensando climatização artificial, e uso de materiais locais e madeira certificada.

Essas escolhas não apenas reduzem o impacto ambiental da casa, como também reforçam o seu vínculo com o contexto natural de Campos do Jordão.

Materiais que aquecem e acolhem

A materialidade do projeto é outro ponto de destaque. A estrutura combina concreto e armação metálica, permitindo grandes vãos e leveza visual. O uso da madeira maciça nos pisos das áreas sociais e íntimas intensifica a sensação de aconchego e continuidade.

Já as áreas molhadas, como banheiros e lavanderia, receberam porcelanato de grande formato com acabamento acetinado, garantindo sofisticação, resistência e fácil manutenção.

A marcenaria fixa, desenhada sob medida pelo próprio escritório, otimiza os espaços e contribui para a linguagem minimalista e funcional da casa. O mobiliário mistura peças de design brasileiro contemporâneo com objetos artesanais, muitos deles criados pela própria Diane.

Cerâmica, natureza e afeto

Um volume adicional, mais escondido entre as árvores, abriga o ateliê de cerâmica de Diane e sua filha. Essa edificação autônoma amplia a experiência da casa como lugar de criação e contemplação, onde a arte dialoga diretamente com o entorno.

No fim, o que se construiu aqui não foi apenas uma casa. Foi um modo de viver. Um espaço onde a arquitetura respeita a terra, acolhe quem vive e valoriza o fazer manual. Uma cabana moderna que é ao mesmo tempo refúgio, abrigo, galeria e lar.