Foto: MCA estúdio (@mca_estudio)
No tradicional bairro dos Jardins, em São Paulo, a arquiteta Ana Moura criou um refúgio familiar que traduz memórias afetivas, identidade cultural e design contemporâneo. Vinda de Recife, ela se mudou para a capital paulista com o marido e as duas filhas mais velhas, e encontrou em um apartamento de 230 m² o espaço ideal para construir um novo lar, sem abrir mão das origens e do estilo leve que sempre guiaram seus projetos.
Com base em uma planta antiga, mas bem estruturada, o projeto promoveu uma reforma completa que integrou os ambientes de convívio e atualizou a funcionalidade do imóvel, sem apagar sua história. O piso de taco de madeira, com mais de 40 anos, foi mantido e restaurado, servindo como ponto de partida para uma decoração que mistura referências do Nordeste, do Rio e de São Paulo.
O apartamento foi reorganizado para atender ao novo momento da família:
- A antiga sala de jantar deu lugar à atual cozinha integrada à sala de jantar e à sala de estar;
- O bar rosa, embutido em um painel de madeira clara no home theater, acrescenta irreverência ao espaço;
- O antigo lavabo foi transformado na suíte da filha Gabi;
- O quarto de serviço foi eliminado para dar lugar a uma suíte master com closet;
- A suíte original do apartamento foi mantida e entregue à filha Duda.
Detalhes que revelam histórias e memórias
Muitos objetos da antiga casa de praia da família, em Recife, foram incorporados ao novo lar. Poltronas icônicas de Sergio Rodrigues, como a Mole e a Diz, dividem espaço com uma mesa de tampo de vidro e base em madeira, e um aparador antigo do antiquário Arnaldo Danemberg. As obras de arte ocupam papel de destaque, com nomes como Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes, Volpi, Cruz Diez e Sonia Menna Barreto.
A luminária Almendra, de Patricia Urquiola para a Flos, pende sobre a mesa de jantar e se tornou uma das peças favoritas de Ana Moura, ao lado da escultura vermelha de Joaquim Tenreiro, que compõe a parede entre duas janelas. A escolha por mobiliário atemporal, com design leve e proporções generosas, ajuda a criar uma atmosfera acolhedora e despretensiosa.
Para equilibrar o piso escuro do living, as paredes e tetos foram pintados de branco. A marcenaria, em laca branca e madeira clara, contribui para uma base neutra que valoriza as obras de arte e permite ousadias pontuais, como o bar rosa e o hall “caixa vermelha”.
Na área de estar: o painel que esconde o bar rosa, o sofá assinado por Arthur Casas e a poltrona Mole, sob luz natural abundante. Na sala de jantar: a mesa Palma (Estudiobola), as cadeiras de Jader Almeida e as luminárias Almendra. Na cozinha: marcenaria branca, pratos decorativos de Sonia Menna Barreto e península voltada para a mesa. Na suíte master: paleta em bege e cinza, cabeceira estofada, rede ao lado da cama e bancada de trabalho integrada.
A reforma do apartamento de Ana Moura não apenas adaptou a planta às necessidades da família como também reforçou os laços afetivos entre os ambientes. Cada escolha estética carrega um significado, um lugar de origem ou uma lembrança partilhada. Ao unir a leveza da arquitetura carioca, o espírito solar do Nordeste e a funcionalidade paulistana, o projeto revela um lar onde forma e afeto se encontram.
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