03 2011

Moma: Counter Space

24 mar, 2011 |

By Verônica Tutundjian Esta rolando no Moma, até dia 2/5, uma exposição interessantíssima sobre a transformação que o design das cozinhas sofreu no século 20. Nunca pensamos sobre como a sociedade demorou para chegar nesse conceito de cozinhas modernas, práticas e cheias de carácter que temos hoje. Muito mais que uma questão de design, este foi um processo de transformação social dos últimos 100 anos. A cozinha nem sempre foi o ponto focal de uma casa, por muito tempo foi vista como uma área secundária, serviçal, onde as mulheres executavam suas intermináveis tarefas do lar.  Em 1920 a Frankfurt Kitchen foi um marco de mudança nesse aspecto. A cozinha foi desenhada para ser produzida em larga escala voltada para população de baixa renda no subúrbio de Frankfurt. O projeto foi vanguardista pois, pela primeira vez, uma verdadeira analise de engenharia foi desenvolvida para que a cozinha fosse funcional. Coisas, hoje básicas, como o posicionamento e espaço dos armários, materiais usados na construção, layout, foram abordados com o objetivo de facilitar a vida de suas usuárias. Por exemplo, foi nesse momento que o alumínio e vidro temperado foram introduzidos como peças resistentes ao calor, além disso, um maior abastecimento de energia permitia o uso mais amplo de eletrodomésticos, gavetas em tamanhos distintos para dividir melhor os alimentos, containers a vácuo para evitar a entrada de germes, e superfícies de pedra resistentes a riscos foram incorporados ao ambiente. Isso mostra não apenas um avanço no design e arquitetura mas também uma mudança na forma com que a mulher de classe social baixa era vista. A questão da praticidade e do tempo e mesmo questões de higiene passam a ser tratadas de forma totalmente nova.  Outro ponto interessante da exposição é a cozinha modular desenhada em 1968 pela companhia italiana Snaidero. Uma cozinha totalmente "dobrável" e compacta. Essa cozinha mostra claramente um fenômeno mais recente que é a e entrada do design e minimalismo nessa parte da casa. A cozinha italiana reflete a personalidade mais moderna e cosmopolita dos proprietários nos grandes centros e também privilegia a utilização dos espaços. Esse conceito mostra-se importante e até hoje é incorporado nos projetos imobiliários nos EUA dada a falta de espaço e custo alto da moradia nos grandes centros. Há também na exposição uma série de quadros e sátiras das donas de casa do inicio do século assim como documentos e artigos sobre a evolução desse espaço. É interessante observar o marketing das cozinhas que nos anos 50 e 60 era voltado puramente as donas de casa e com o tempo foi evoluindo ate chegar ao conceito de cozinha gourmet ou integrada à sala como uma extensão do espaço social. A exposição também mostra um dos primeiros "fogões" solares desenvolvido pelo professor americano Adnan Tarcici. (ver fotos com nome outros / aquecedor solar) Pra mim, além da curiosidade quanto ao apelo visual dos itens expostos, o interessante da experiência foi ver como muitas vezes não temos ideia de como o design e a arquitetura carregam a história do relacionamento social humano e como mudanças simples mesmo dentro de uma pequena casa impactam o bem-estar e relacionamento interpessoal de gerações.