Na década de 1920, em Recife, três engenheiros se juntaram para solucionar um problema nas casas nordestinas: amenizar as condições climáticas, levantando paredes sem vedar a entrada de ar. Para isso, criaram um elemento vazado que permitia, ao mesmo tempo, a entrada da luz solar e da ventilação natural: o COBOGÓ.

O nome veio da junção da primeira sílaba dos seus criadores: o português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernesto August Boeckmann e o brasileiro Antônio de is. Os cobogós foram inspirados nos muxarabis da cultura árabe, que são fechamentos em forma de treliça, geralmente em madeira, feitos para fechar parte dos ambientes internos, fachadas ou janelas.

Naquela época, os cobogós eram feitos de cimento e tijolo, uma ideia simples e barata que não demorou muito para se popularizar. O elemento acabou adotado pela arquitetura modernista e ficou fácil de encontrar nas casas e prédios públicos da época. Além das funções pela qual foi desenvolvido, o cobogó permite criar efeitos de sombra nos ambientes que se moldam durante toda a passagem do sol de dia, e a luz artificial à noite. É um espetáculo! Alguns exemplos clássicos:

Parque Eduardo Guinle no Rio de Janeiro (RJ) – Lucio Costa

Lucio Costa foi um dos nomes que fortaleceram o uso do cobogó. Principalmente em fachadas, ele não tinha medo de misturar formatos e não seguia uma regra ou padrão de repetição, característica que trazia muita personalidade aos projetos e são referências de arquitetura até hoje!

Pavilhão de Nova York (NY/USA) – Lucio Costa e Oscar Niemeyer

Biblioteca Nacional de Brasília (DF) – Oscar Niemeyer

Oscar Niemeyer também se fez presente em relação ao elemento vazado. Usava os modelos retangulares ou quadrados, mais comuns e tradicionais na época.

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes em Pedregulho (SP) – Affonso Eduardo Reidy

Residência no Morumbi (SP) – Oswaldo Bratke

O cobogó, nos últimos tempos, voltou para a decoração e é super querido pelos designers de interiores e arquitetos. Hoje já existem cobogós em vidro, marmore, madeira, cerâmica e em peças de design. As cores e desenhos idem; são inúmeros formatos e a criatividade não tem limite! Os usos também se ampliaram, além de divisórias internas e externas, atualmente são aplicados como murais decorativos, paredes para criação de corredores e até composição do elemento com vegetação, para criar uma parede de verde. Olha só:

Casa Jardins em São Paulo (SP) – CR2 Arquitetura

Nesse caso, a evolução nos formatos está evidente: atualmente estão mais orgânicos e detalhados.

Restaurante Disfrutar em Barcelona (CT/ES) – El Equipo Creativo

Fora do Brasil eles também fazem sucesso! Já pensou em usar o cobogó no teto? Esse restaurante em Barcelona não economizou nos formatos e disposição das peças. Muito divertido!

Alguns nomes do design criaram modelos de cobogós. Como por exemplo os Irmãos Campana, que, para homenagear o desastre ambiental em 2015 que atingiu Mariana, em Minas Gerais, criaram o elemento vazado de mãos. As mãos simbolizam solidariedade aos desabrigados e à quem os ajudou:

Loja Aesop em São Paulo (SP) – Fernando e Humberto Campana

Eles também incluíram o cobogó em uma peça de design, como essa mesa:

Mais alguns exemplos:

Casa Cobogó em São Paulo (SP) – Marcio Kogan

Casa B+B em São Paulo (SP) – Studio MK27 + Galeria Arquitetos

La Tallera em Cuernavaca (MO/MEX) – Frida Escobedo

ROCA Cerâmica – Modelo ACPC Elemento 3 BLACK MT 12X12cm

Muitas marcas de cerâmica investem cada vez mais na produção de novos formatos de cobogós, como esses da Roca que são mais modernos e possibilitam a criação de diferentes composições. A imaginação vai longe!

Aproveitando, não deixa de acompanhar no meu instagram @casadevalentina a viagem para Campo Largo, no Paraná, que fiz em parceria com a Roca e a Incepa. Conheci as fábricas e mostrei alguns modelos para você se inspirar ;-)

Fontes: Archdaily.com.br, Anualdesign.com.br e Imagens Casapensada.com.br, Arqguia.com, Pinterest, Archdaily.com.br, Mapio.net, Cazadoresdebibliotecas.com, Danielcarvalhoarq.com, Arcoweb.com.br, Galeriadaarquitetura, Arquitecturaviva.com, Mosartelab.com.br, Revistateto.com.br, Milimonada.com.br, Rocaceramica.com.br