No meio da loucura e da profusão de tecidos, volumes e estampas do SPFW um desfile me chamou a atenção, o da Maria Bonita. Gosto muito da marca, mas acima de tudo gostei da inspiração da coleção deste ano: Lina Bo Bardi.

O desfile aconteceu no Sesc Pompéia obra de Lina em 1977.

Para quem não a conhece aqui vai um resumo (muuuito resumido e despretensioso) de sua vida.

Assim que se formou na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma Achillina Bo deu continuidade a sua vida profissional em Milão. Lá montou seu próprio escritório de arquitetura, mas com a escassez de trabalho que vinha junto com a II Guerra Mundial, se viu obrigada a  trabalhar como ilustradora e colaboradora de jornais e revistas de arte daquela da época.

Acontece que em agosto de 1943 um grande bombardeio foi lançado sobre Milão e destruiu o escritório de Lina, que entrou imediatamente para o Partido Comunista clandestino, transformando o apartamento de sua família em ponto de encontro de artistas e intelectuais italianos.

Em 1946, Lina casou-se com Pietro Maria Bardi, e em seguida, viajam para o Brasil, onde conheçeram Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Rocha Miranda, Burle Marx e Assis Chateaubriand. Deste último, Pietro recebeu um convite para fundar e dirigir um museu de arte no brasileiro. Que deu origem ao MASP, um dos mais importantes trabalhos de Lina.

Em 1951 a arquiteta naturalizou-se brasileira, oficializando então sua paixão pelo país, e declara: "Quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, é minha 'Pátria de Escolha', e eu me sinto cidadã de todas as cidades".

Neste mesmo ano Lina concluiu a Casa de Vidro. Erguida em um terreno de 7.000 metros quadrados, foi a primeira residência do bairro do Morumbi. E hoje é uma reserva tombada com espécies vegetais raras, uma amostra do que foi a antiga mata atlântica brasileira.

Obs: a foto ao lado é da arquiteta na sala da casa de vidro. 

Até a década de 90, Lina manteve intensa atividade em todas as áreas da cultura, participando de inúmeros projetos de teatro, arquitetura, cinema e artes plásticas tanto aqui quanto no exterior.

A arquiteta morreu na Casa de Vidro em dia 20 de março de 1992, realizando o sonho declarado muitas vezes de trabalhar até o fim: deixando em andamento os majestosos projetos da a Nova Sede da Prefeitura de São Paulo e do Centro de Convivência Vera Cruz.

Então, se vc quiser um pouco de Lina Bo Bardi em casa, passe na Maria Bonita ou na Marcenaria Baraúna e leve um banco girafa com desenho da arquiteta.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Instituto Bardi